dezembro 28, 2004
Aqui vos apresento a minha leitura do momento. Apesar de ainda só me encontrar na página 52 já posso, com toda a certeza, afirmar que se trata de um grande livro. Não é por acaso que já o rotularam como a obra prima de Auster. Aconselho a todos a sua leitura, como a de outro romance do mesmo autor norte-americano intitulado Timbuktu, o meu preferido. Visitem a página oficial de Paul Auster e deixo aqui o meu agradecimento público à Rakel por me ter oferecido o livro que aqui vos apresento.
Chegou a hora de vos dar uma má notícia... Aconselho que se sentem com um chá de camomila bem quentinho nas mãos. Então aqui vai. O fundador e autor deste blog vai estar ausente, por tempo indeterminado, da elaboração do mesmo, tal como no seu contacto do MSN. Por este facto pede a todos alguma paciência e desculpas pelo incómodo que este acontecimento trágico trará à vida de milhares, ou até mesmo, centenas de pessoas de todo o mundo, ou até mesmo da Europa... A causa responsável por tal catástrofe é alheia à sua pessoa. Pede-se, no entanto, que os mais deprimidos por esta situação libertem os mares e rios de lágrimas em forma de comentário a este post. Transmitindo, desse modo tão fadista, uma energia quente e positiva que inundará o coração do bloguista em questão aquando do seu inesperado e triunfante regresso, provavelmente mergulhado num nevoeiro cerrado... Beijos & abraços, com uma saudade já intrínseca, para todos!
dezembro 26, 2004
A Pocket Size Sun ...
I came so close, so near
That I almost got out of my shell
When a pink coloured vision did appear
A girl with something to sell
The girl offered me a pocket size sun
I beheld its innocent smile
She said "If you wanna have fun,
It will take you to heaven for awhile"
An inch from the blue skies ceiling
I was touched by her careful fingertips
With the sun we shared our feelings
And I finally kissed her ruby lips
She started to sing a lullaby
Origined from ancient Senoi
"In dream's realm can no one die
Sleep safe my little boy"
The sun cut my eyes like a dropblade
Drew elseworlds in the sand
My memories began to fade
And did suddenly slip through my hands
In the sand I found two wonderful shells
As Like as two peas
And I thought I could hear the sound of bluebells
Behind the roaring seven seas...
Tiamat "A Pocket Size Sun"
Somebody to Love ...
and all the joy within you dies
don't you want somebody to love
don't you need somebody to love
wouldn't you love somebody to love
you better find somebody to love
When the garden flowers baby are dead yes
and your mind is full of red
don't you want somebody to love
don't you need somebody to love
wouldn't you love somebody to love
you better find somebody to love
your eyes, I say your eyes may look like his
but in your head baby I'm afraid you don't know where it is
don't you want somebody to love
don't you need somebody to love
wouldn't you love somebody to love
you better find somebody to love
tears are running ah running down your breast
and your friends baby they treat you like a guest
don't you want somebody to love
don't you need somebody to love
wouldn't you love somebody to love
you better find somebody to love
Jefferson Airplane "Somebody to Love"
dezembro 24, 2004
dezembro 23, 2004
@@@ !!! FELIZ NATAL !!! @@@
Desejo a todos os visitantes do Nocturna um muito Feliz Natal, com resmas & resmas de coisinhas boas e doces!
Aproveito para agradecer a todos os que visitam regularmente este espaço, deixando os seus comentários, pois se não o fizessem o mesmo deixaria de ter qualquer sentido.
Beijos & abraços natalícios para todos...
Aproveito para agradecer a todos os que visitam regularmente este espaço, deixando os seus comentários, pois se não o fizessem o mesmo deixaria de ter qualquer sentido.
Beijos & abraços natalícios para todos...
dezembro 21, 2004
Azure Ray "November"
so i'm waiting for this test to end
so these lighter days can soon begin
i'll be alone but maybe more carefree
like a kite that floats so effortlessly
i was afraid to be alone
but now i'm scared that's how i like to be
all these faces, none the same
how can there be so many personalities
so many lifeless, empty hands
so many hearts in great demand
and now my sorrow seems so far away
until i'm taken by these bolts of pain
but i turn them off and tuck them away
till these rainy days that make them stay
and then i'll cry so hard to these sad songs
and the words still ring, once here, now gone
and they echo through my head every day
and i don't think they'll ever go away
just like thinking of your childhood home
but we can't go back, we're on our own, oh
but i'm about to give this one more shot
and find it in myself
i'll find it in myself
so we're speeding towards that time of year
to the day that marks that you're not here
and i think i'll want to be alone
so please understand if i don't answer the phone
i'll just sit and stare at my deep blue walls
until i can see nothing at all
only particles, some fast, some slow
all my eyes can see is all i know, oh
but i'm about to give this one more shot
and find it in myself
i'll find it in myself
do do do...
so these lighter days can soon begin
i'll be alone but maybe more carefree
like a kite that floats so effortlessly
i was afraid to be alone
but now i'm scared that's how i like to be
all these faces, none the same
how can there be so many personalities
so many lifeless, empty hands
so many hearts in great demand
and now my sorrow seems so far away
until i'm taken by these bolts of pain
but i turn them off and tuck them away
till these rainy days that make them stay
and then i'll cry so hard to these sad songs
and the words still ring, once here, now gone
and they echo through my head every day
and i don't think they'll ever go away
just like thinking of your childhood home
but we can't go back, we're on our own, oh
but i'm about to give this one more shot
and find it in myself
i'll find it in myself
so we're speeding towards that time of year
to the day that marks that you're not here
and i think i'll want to be alone
so please understand if i don't answer the phone
i'll just sit and stare at my deep blue walls
until i can see nothing at all
only particles, some fast, some slow
all my eyes can see is all i know, oh
but i'm about to give this one more shot
and find it in myself
i'll find it in myself
do do do...
Se nunca ouviram Azure Ray, em especial esta música, não sabem o que perdem... Uma das músicas mais bonitas que jamais ouvi e, certamente, ouvirei. Quem gosta desta banda também deve ouvir Hooverphonic, Zero 7, Jem, Elysian Fields e Mazzy Star. Bandas estas que não consigo deixar de ouvir todos os dias... Agradeço à minha nova amiga (e quase vizinha!) Lebre por me ter reenviado esta música que aqui partilho com vocês, pois eu já a tinha perdida há algum tempo neste infindável mundo de pastas que são os meus discos rígidos... Boa música & Feliz Natal!
Doações Nocturnas
Chegou a vossa oportunidade de tornar real o sonho que alimentam desde criança! Ser o super-homem, o homem-aranha, a mulher maravilha, o peter pan, o josé castelo branco ou o incrível hulk por breves instantes... É isso que é ser um verdadeiro herói, dar sangue! Dá saúde e faz crescer. Para quem estiver interessado e disponível, dia 14 de Janeiro, das 9h às 13h nos Bombeiros Voluntários de Condeixa-a-Nova vai haver mais uma recolha do líquido mágico da vida. E, como vale a pena relembrar, nunca são suficientes as pessoas que regularmente fazem este tipo de doação. Portanto, quem querer e puder não falte a este chamamento. Para quem necessite, será passada no local uma declaração para justificação de falta no serviço em causa. Não se esqueçam, apontem nas vossas agendas! Dê, porque um dia pode precisar de receber... Pessoalmente, sempre achei que estas recolhas são feitas com o propósito de alimentar os vampiros que vagueiam na noite... Cá para mim o Governo tem um acordo assinado com essas criaturas nocturnas em que fica responsável pelo fornecimento de sangue suficiente para alimentar essa comunidade em troca de eles não andarem por aí a dar os seus "beijos de morte". Sempre me pareceu a explicação mais lógica para a existência destas recolhas de líquido vermelho, não acham? Ah, esqueci-me de referir... A quem participar na recolha aqui publicitada será entregue uma t-shirt e um pin alusivo ao vosso blog favorito... O Nocturna, claro está! Não custa nada e os nossos amigos vampiros agradecem...
dezembro 20, 2004
Charlie and the Chocolate Factory
Apresento-vos aqui o próximo filme que veremos do Tim Burton. Só é pena que a data de estreia ainda se encontre um bocadito longe, está agendada para Julho de 2005... É o regresso de Johnny Depp às mãos de Burton, ou ficaria melhor dizer "às tesouras de Burton"? Pelo trailer disponível o filme parece ser mesmo do outro mundo. Enquanto ficamos à espera do resultado final podemos fazer uma visita ao site oficial, ou então visualizar a apresentação ou obter mais informações sobre o filme neste outro. E já agora, qual o melhor filme realizado até hoje pelo Tim Burton? E o melhor trabalho do Johnny Depp? Deixem as respostas em forma comentário...
dezembro 19, 2004
Link o Nocturna ainda hoje !!!
O Nocturna já possui um botão de link completamente original e bastante representativo do blog. Encontra-se ao fundo do painel existente do lado direito. Este excelente trabalho é da autoria da Ahimsa, a quem eu agradeço bastante! Não deixem de visitar os blogs dela, pois não se vão certamente arrepender. Aqui vos deixo os links...
Agora peço a todos os que possuem um site/blog e visitam regularmente este local nocturno que utilizem o código fornecido nos seus templates, linkando dessa forma este blog tão amado por todos e odiado por ninguém (pelo menos que eu tenha conhecimento) ... Deixo aqui o meu agradecimento adiantado aos visitantes que colocarão o link. Já agora deixem um comentário para eu saber se gostaram do botão de link, está bem? Beijos & abraços!
Agora peço a todos os que possuem um site/blog e visitam regularmente este local nocturno que utilizem o código fornecido nos seus templates, linkando dessa forma este blog tão amado por todos e odiado por ninguém (pelo menos que eu tenha conhecimento) ... Deixo aqui o meu agradecimento adiantado aos visitantes que colocarão o link. Já agora deixem um comentário para eu saber se gostaram do botão de link, está bem? Beijos & abraços!
dezembro 18, 2004
"Dice" Finley Quaye & William Orbit [featuring Beth Orton]
I was crying over you
I am smiling I think of you
Where your garden have no walls
Breathe in the air if you care, you compare, don't say farewell
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear that your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear that your love's for me
I was crying over you
I am smiling I think of you
Misty morning and water falls
Breathe in the air if you care, you compare, don't say farewell
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Virtuous sensibility
Escape velocity
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Breathe in the air if you care, you compare, don't say farewell
Nothing
I am smiling I think of you
Where your garden have no walls
Breathe in the air if you care, you compare, don't say farewell
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear that your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear that your love's for me
I was crying over you
I am smiling I think of you
Misty morning and water falls
Breathe in the air if you care, you compare, don't say farewell
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Virtuous sensibility
Escape velocity
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Nothing can compare
To when you roll the dice and swear your love's for me
Breathe in the air if you care, you compare, don't say farewell
Nothing
Sem dúvida uma das melhores músicas editadas neste ano que está quase a chegar ao fim...
dezembro 16, 2004
I Conto de Natal
«Acorda. Acabámos de chegar. Finalmente.»
Através da janela do detrito rodado, pecador inconsciente de milhas acesas, apreciou a terra prometida. Perfeita na sua desolação branca e trémula. Ao longe, fingidamente inacessível, a montanha cerimoniosas no seu manto inquieto de novoeiro. Nas suas costas, pelo caminho único, desciam em magotes as gentes simples do monte, cobertos de peles e de cicatrizes. O frio chegava, assentava, subtil e mortífero. A fuga sazonal chegava ao seu fim. Os pés dos refugiados tocavam o sopé da montanha, pela primeira vez nesse ano Diferente. Tal como sempre. Tal como para sempre.
Concentrados, cegos a todo o nada à sua volta, os habitantes da serra escolhida desciam com organização. Os seus líderes, altos e límpidos, partiam os agotes em grupos, em famílias. O subterrâneo abria-se com preguiça, dolente e perro. Um a um, foram engolidos, desaparecendo. Sem pressas da vida, com suada saudade do topo do seu mundo privado, até ao último da sinistra, calada fila. O silêncio Maior empertigou-se calando, de vez, o distúrbio menor da marcha. Um último olhar curioso do líder ao detrito rodado. Nas suas entranhas Luciana e Abel esperavam, com ansiedade. O líder desceu, fechando o portão do subterrâneo atrás de si. Com delicadeza. À neve coube as honras de o selar com um beijo fio de corte. Todo o sopé da montanha respirou na certeza de que a sua imaculada textura se mantinha inalterável. Noite branca. Noite de paz. Os meninos em cinza deitados.
Luciana saiu, esticou-se, bafejada pela pureza do ar. Abel revolvia a bagageira do carro. Tirou primeiro a mala pesada, pousando-a no chão. Depois o seu saco de pano e a pequena mochila com guizos de Luciana. Sentados no chão comeram fruta tocada, biscoitos bolorentos, empurrados bem fundo pelo vinho tinto barato da derradeira garrafa. Um último olhar curioso e atento. Estavam sozinhos. Nas suas entranhas o fogo medular esperava. Arrumaram tudo. Fecharam tudo. Começaram a subir pelo caminho nas costas da montanha. Com delicadeza. Decididos e carregados, arrastando a mala pesada por uma garra invisível. A neve teve o bom senso de cobrir as suas pegadas. Todo o sopé da montanha respirou na incerteza da sua partida. Noite branca. Noite de paz. Noite de escolha e de aprendizagem. Os meninos em cinzas espalhados.
O meio exacto de um dia. Meio caminho. Pararam. Sentaram-se os dois. Beberam a água espremida do gelo que agora enchia o bucho do cantil. Comeram apenas memórias vagas, fantasmagóricas. Já não viam o sopé havia algum tempo. A verticalidade do trilho curvava a espinha, alta até ao céu branco, indistiguível do sol, o que lhes dava a impressão de estarem fechados numa caixa asséptica, de natureza branca, muda, quieta. Lembravam, quimicamente sintonizados pelo olhar, os gritos, a caça, o sangue mais escuro do que o imaginavam. O destroço, a adaga, o arrancar. A missão, a fuga. Os dias que eram todos vividos à noite. As noites que nunca mais viveriam. Sentiram-se reanimados pelo desconforto dos próprios pensamentos. Pelas vozes de tons surdos, graves que lhes faziam doer a cabeça.
«Consegues continuar?» - perguntou Abel. Luciana apalpou o bolso de dentro, deformado, do seu abafo. Sentiu-lhe ainda um pulsar quente e vísceral. A sua força. Acenou que sim com a cabeça. Abel beijou-a nos lábios. Não pode sorrir. Já não o sabia. Limitou-se a fechar os olhos, levantar-se, caminhar com esforço. Era a sua vez de carregar a mala pesada. Assim o fez, sem coragem ou entusiasmo. Por pura obediência. Abel seguia um pouco mais à frente. O seu olho de prata sempre observando, acarinhando Luciana. Daqui a pouco chegariam. Sabia disso, e a cada passo novo fervia a neve debaixo dos seus pés. Luciana imitou-o. Seguia-o de perto agora. No limiar dormiram, caindo em sonhos até ao limite último da sua viagem.
«Acorda. Acabámos de chegar. Finalmente.»
O cinzento poeirento e seco de um vale retorcido de treva cumprimentou os olhos de Luciana. Uma depressão aguda do solo, em forma de anfiteatro, convidava a entrar no seu uterino conforto. Velhas árvores secas, sem sombra nem sangue, rodeavam o centro, como que para abrigar segredos e códigos. De resto, desolação. Perfeita e vertical, uma tela em cinzento para preencher com cóleras. Abel foi o promeiro a descer, sem timidez. Luciana observava. Mal os seus pés ardentes tocaram o soalho crocante, os primeiros olhos brilharam na escuridão das imensas tocas e cavernasque fechavam o círculo por fora. Luciana precipitou-se imediatamente para junto de Abel. Colocaram as bagagens no chão e esperaram alguns minutos. Os Eternos Jovens saíram curvados dos buracos. Não se conheciam, no entanto, reconheceram-se. Cumprimentos efusivos em silêncios codificados seguiram-se. Estavam completos. A espera findava e começava o trabalho de enfeitar a noite por que todos esperavam há já algum tempo.
Abel começou a tirar o conteúdo da mala pesada: pequenos corpos de animais apanhados na estrada, ramos viçosos de árvores queimadas em incêndios florestais, pacotes de cartão molhado e sujo abençoados com o suor puro dos sem-abrigo, com perfume de miséria, muitos livros - romances e volumes de filosofia - ratados, unhados, urinados, extripados de bibliotecas locais, esquecidas e apodrecidas. Da caverna maior, abrigo e armazém da tribo, saía um tosco carro puxado pelas Crianças, carregado até à boca com corpos de alpinistas sem talento e sem fortuna, fuselagem de aviões caídos, com asas atadas por línguas carnudas, lixos dos homens, brinquedos fundidos de plástico e dor, serpentinas de entranhas cozidas umas às outras, um novelo de cabelo negro, sedoso, com uma vida estranha e curtas histórias de carinhos e terrores arrepiantes por contar.
Concentraram tudo isto no meio do pequeno círculo formado pela flora seca e doentia do vale. No pó escavaram um imenso buraco para o qual despejaram as entranhas em serpente, os corpos alpinísticos, enquanto que os jovens fratricídas esvaziavam, aos poucos, os detalhes macabros daqueles a quem um dia falaram ao ouvido.
A árvore-criatura, alimentada com riqueza orgânica, criou de imediato raízes e arrancou vitoriosa da terra. Códigos de aplausos foram sentidos.
O trabalho apressava-se. A noite engolia, às dentadas, a pobre fatia de astro solar ainda presente. Pirâmides cresciam de Gente Pequena e Fresca cresciam em paralelo nas quatro extremidades da área. Os corpos dos pequenos animais serviam de enfeite inferior à árvore-criatura. Escadas toscas de madeira podre, ligadas por cipó seco, permitiam a alguns alcançar os braços da criatura. Aí, começaram a desenrolar o novelo de cabelo, que caía, onde era preso por estacas numa simetria perfeita e diabólica. O resto dos elementos foi espalhado pelo Jovem mais Eterno, com requintes de decorador surreal, conseguindo dividir o bric à brac de dejectos fantasistas com uma habilidade aracnídea. Quando desceu, códigos de reconhecimento foram-lhe prestados. Alguém se atreveu a um código de aplauso, terrivelmente excitado pelo espírito da época.
O lusco-fusco ordenou a todos que se sentassem em inevitável círculo. Antes que a noite caísse, todos os Eternos Jovens fecharam o seu punho esquerdo sobre um montinho de cinza. Ao código combinado todos lançaram o seu punhado sobre a árvore-criatura. Com um movimento agitado e obsceno, esta completou-se fisicamente. Todas aquelas pequenas mentes engolidas deram-lhe vida espiritual e de forma absoluta tudo se apagou à sua volta. Numa obscuridade perfeita, sem tomo, nem alma, nem sentimento algum. No esmagamento presencial do contorno do colosso, que um a um tocava com os seus longos braços-rams, a pingar sangue e cabelo, na testa delicada dos Eternos Jovens, em cinzas, agora, deitados. Tal como sempre, tal como para sempre.
Luciana levantou-se, única e brilhante. Apalpou o seu pequeno bolso, deformado. Com cuidados de moribundo retirou dele um pequeno coração, vermelho vivo e morto, pulsando histérico de sair, dentro do seu pequeno punho anelado. Levitou, até ao cimo da árvore-criatura. Simbolicamente tocou-lhe a testa enrugada e fina. Colocou o coração no seu topo, iluminado com cegueira os corpos deitados, felizes, da crianças dormindo nas cinzas, embaladas pela inocência e pureza do desperdício e do mal.
A queda sem fim iniciou; do cimo da sua visão utilizou o código da palavra proibido, que ressoava com a voz abismal de todas as pequenas feridas e buracos nos quais nos escondemos:
«Não vejo uma estrela cadente guiando as pessoas. Vejo pessoas que tropeçam, algumas que caem, troçando das luzes. Vejo pessoas em carros, em estradas sem fim, desejando que o que vêem ao longe não sejam pequenos corpos de animais destroçados pela velocidade, perdidor, mas sacos de cartão amolgados, panos enrodilhados e sujos de alívio. Vejo o bem e o mal, vestidos com saias e calções curtos, de tranças e cabelos riscados, rindo com dentes estragados das nossas pesquisas. Vejo a travessura imbecil das queimaduras da vida e da morte. Vejo a mão esquerda pegar em lâminas e decepar a sua gémea direita. Vejo o movimento para trás. Não vejo heróis literários vivendo em fumaças pensativas e triângulos amorosos de mel e merda. Vejo a contabilidade dos pactos creditados em sangues baratos. Vejo a lama das máscaras cosméticas e espirituais. Vejo o fim da História, despercebido e fatal. Vejo-me a cair, vejo o fundo, como o único sorriso fiel. E queimo os meus lábios quando mordo os pulsos na desesperada tentativa de não mais acordar.»
Fora do meu quartinho de cinzas, o barulho insuportável da Mentira abocanhando moles pedaços de peru, rasgando fitas vermelhas, brindando com Porto antigo, engasgada até à morte com o doce da Espera. Ladaínha sem fins.
«Subo ao banquinho,
ponho o colar,
na esperança da queda
sem fim.
Do sorriso rasteiro,
do sempre voltar.
Espero inquieta na paz,
inteira por dentro,
que ninguém me venha
agora chamar.»
FIM
ponho o colar,
na esperança da queda
sem fim.
Do sorriso rasteiro,
do sempre voltar.
Espero inquieta na paz,
inteira por dentro,
que ninguém me venha
agora chamar.»
FIM
Fernando Ribeiro [Os Meninos em Cinzas Deitados]
Jornal Blitz, 24/12/2001
Jornal Blitz, 24/12/2001
dezembro 15, 2004
Pack de Natal Nocturna [edição limitada]
Aqui está o primeiro pacote oficial de Natal do Nocturna! Tinhamos que celebrar em grande este primeiro Natal que passamos juntos, não é? Este pacote é constituído por 3 wallpapers da autoria do já vosso conhecido Vlad Gerasimov, uma skin para o Winamp, também da sua autoria, e um cartão de boas festas de Ellaine Poesias. Como já referi trata-se de uma edição limitada ao stock existente, por isso, aconselho aos interessados em possuir tamanha preciosidade que o façam o mais breve possível... ;)
Para fazerem o download desta skin, que poderá ser utilizada em qualquer versão do Winamp, basta que cliquem na imagem em baixo e depois executem o respectivo ficheiro.
O cartão de boas festas também é muito fácil de produzir. Basta que façam o download da imagem, executando de seguida a sua impressão em folha A4 e, por fim, dobrem essa mesma folha em 4 partes iguais...
@
Natal
Feliz Natal
Feliz Natal Feliz
Feliz Natal Feliz Natal
Feliz Natal Feliz Natal Feliz
Feliz Natal Feliz Natal Feliz Natal
Feliz Natal Feliz Natal Feliz Natal Feliz
Feliz Natal Feliz Natal Feliz Natal Feliz Natal
Feliz Natal Feliz Natal Feliz Natal Feliz Natal Feliz
Feliz Natal Feliz Natal Feliz Natal Feliz Natal Feliz Natal
Feliz
Natal
Feliz Natal Feliz
Feliz Natal Feliz
Feliz Natal Feliz
Ufa! Que trabalhão deu esta árvore... Agora só falta o presépio! lol
dezembro 12, 2004
Vlad Studio
Deliciem-se com estas 12 imagens da autoria de Vlad Gerasimov... Para quem estiver interessado em fazer o download gratuito de outros 168 trabalhos deste autor basta que visite este site.
dezembro 09, 2004
Kimmo Pohjonen
Uma palavra para descrever a música composta e tocada por Kimmo Pohjonen: impressionante! Ou se adora ou se detesta, impossível é alguém ficar indiferente ao trabalho realizado pelo músico finlandês. A única forma que vejo para vos descrever o som que ele produz é talvez imaginarem uma fusão de três bandas: Apocalytptica, Rammstein e Yann Tiersen. Visitem a página oficial para mais informações. Não me responsabilizo pelos efeitos secundários que poderão sentir depois de ouvirem algum dos álbuns de Pohjonen... De seguida, apresento uma crítica ao concerto que o músico deu em Portugal no dia 3 de Dezembro:
"Ontem percebi uma parte do mistério. Nos confins do universo existe uma civilização muito antiga, tecnologicamente avançada, constituída por seres que estão para lá da nossa compreensão. Dominam o tempo e o espaço, escapam às noções científicas que são conhecidas pelos humanos. Kimmo Pohjonen e Samuli Kosminen são dois enviados dessa civilização. Ontem durante duas horas tentaram transmitir a essência daquilo que são, daquilo que os separa dos habitantes do planeta terra. O momento foi de uma beleza indescritível, como se aquela sala fosse projectada num futuro longínquo, algures na realidade que eles habitam. Houve momentos inatingíveis, que estão para lá da compreensão de um simples humano mortal como eu. Quando não percebi tentei apenas sentir... e como senti..."
Nídio Amado [Intervenções Sonoras]
Comunicado do Bloguista
Ontem, uma pessoa com quem eu não falava há vários meses, perguntou-me se a minha ex-namorada e eu tinhamos acabado, pessoa essa que já conhecia a resposta. Eu confirmei a pergunta retórica e, digamos, bastante pertinente. De seguida, fiquei um pouco "admirado" em saber que "eu" tinha acabado a relação porque um dia entrei em casa e ela estava lá com um colega de trabalho... Só por mera curiosidade mórbida questionei essa pessoa sobre quem lhe tinha divulgado tal história, que nem uma mente como a do J.R.R. Tolkien conseguiria fantasiar. Para ser sincero, não estaria a escrever aqui este post se o nome que essa pessoa mencionou não fosse um dos três nomes "proibidos" neste contexto, por razões que não interessa aqui mencionar. Pela lógica, já repararam que o nome mencionado foi um desses três... Não consigo perceber o objectivo desse cenário no contexto actual, passado ou futuro, nem sei mesmo se haverá algum objectivo escondido em tal mentira. Por isso, e como parecem existir pessoas bastante interessadas neste assunto de tanta importância para a sociedade portuguesa em particular e para a região centro em geral, fica aqui o desmentido público que tal situação nunca ocorreu. Para o que der & vier... Um beijo para a única pessoa que sabe o que verdadeiramente aconteceu. Fim do comunicado.
dezembro 03, 2004
dezembro 01, 2004
TIAMAT "Wildhoney"
Aqui está o chato outra vez... Este CD que partilho agora com vocês não é nenhuma novidade, só o é para as pessoas que não o conhecem, é claro. Foi editado pela banda sueca em 1994 e considero-o um dos melhores álbuns do género produzido até hoje. Editado pela Century Media, produzido por Waldemar Sorychta, voz adicional de Birgit Zacher e gravado nos Woodhouse Studios, na Alemanha... Referências muito familiares para os fãs de Moonspell. ;) De tempos a tempos coloco este CD no leitor e ouço-o do princípio ao fim, como aconteceu hoje durante uma viagem nocturna de carro, acompanhada pelo som da chuva... (e da péssima visibilidade, é claro!) Aconselho este maravilhoso álbum a qualquer pessoa, mas é imperdível para os fãs de Moonspell, Samael, Paradise Lost, Anathema, In Flames, My Dying Bride, Pink Floyd... Agora deixo um montão de links para os interessados nas minhas recomendações musicais:
Beijos & abraços!
Rodrigo Leão "Cinema"
Aqui está mais uma excelente recomendação musical para vocês... Há algum tempo coloquei neste espaço um post a apresentar-vos o melhor CD editado em Portugal no presente ano. Se não se recordam, ou não viram na altura, podem clicar aqui. O álbum "Cinema" de Rodrigo Leão é o segundo melhor! Podia gastar agora todas as teclas do meu teclado Labtec a introduzir-vos no universo de Rodrigo Leão, descrever o seu brilhante passado (foi co-fundador dos Sétima Legião e dos Madredeus), criticar a sua música... Mas não o vou fazer. Se pretenderem saber isso, e mais alguns pormenores do seu trabalho, cliquem aqui. Só vos digo que o álbum "Cinema" tem a participação de artistas como Ryuchi Sakamoto, Sónia Tavares (The Gift) e, the last but not least, Beth Gibbons (Portishead)! Finalizo com a referência que Rodrigo Leão apresentou este seu novo álbum em Coimbra, no T.A.G.V., nas noites dos dias 29 e 30 do mês que terminou há algumas horas... Algum dos meus assíduos e queridos visitantes esteve presente nalgum desses espectáculos? Se estiveram deixem um comentário pessoal ao mesmo! Menciono unicamente o exagerado preço dos bilhetes, o que provoca uma "selecção natural" das pessoas que assistiram ao vivo a estes dois concertos...