A Caixa Mágica

Hoje de manhã tive que me dirigir ao Centro da Segurança Social, Instituto de Emprego e similares, em Coimbra. Nestes locais reparei que existia (sempre) uma televisão ligada (sempre) ao canal público e (sempre) sem som. Pergunto eu, qual é a utilidade da "caixa mágica" nestes locais? Para os utentes destes serviços visualizarem o programa da manhã não deve ser de certeza, pois o dito programa (#$%&*@€§£! bloguista fazendo um esforço para não comentar a qualidade do mesmo) é falado na sua totalidade em língua portuguesa, e como todos sabemos a maioria dos utentes não possui um curso intensivo em leitura de lábios... O que vale é que os ditos serviços deram-me tempo mais que suficiente para pensar intensamente nesta minha dúvida existencialista matinal. Penso que só pode existir esta explicação: as televisões estão lá colocadas unicamente para "alienar" os (im)pacientes utentes, fazendo deste modo que os mesmos permaneçam mais calmos e não se exaltem muito quando reparam que mais que metade dos postos de atendimento permanecem vazios ou que o funcionário que supostamente os irá atender já foi beber um cafezinho umas quatro ou cinco vezes durante a última hora, isto quando não está ao telefone ligando para a família e amigos... Olhando em redor é facilmente perceptível que os olhos da maioria das pessoas, especialmente as de idade mais avançada, estão na direcção da imagem colorida, brilhante e sempre em movimento. O vazio olhando o vazio. É por estas e por outras que esta invenção foi apelidada de "caixa mágica", talvez por ser um invento que pode ser utilizado de (quase) infinitas formas. Só é pena que na maioria das vezes seja mal utilizada, ou com segundos fins. E tu, já viste hoje televisão?

"Life doesn't imitate art, it imitates bad television."

Woody Allen